sábado, 21 de janeiro de 2012

O Danúbio Azul

Bogotá (Sexta-feira, 20-01-2012, Gaudium Press) Converter em notas musicais um rio, não é um trabalho fácil, ainda mais quando se trata de um rio legendário que atravessa dez países, passando por regiões belíssimas, e que não se sabe bem se o são por causa dele ou porque Deus as escolheu precisamente por já serem belas.
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Danúbio na altura do Regensburg /Foto: Strychnine
"São quase 3.000 quilômetros de música navegando ao longo desta faixa prata azulada", como diz a própria letra da valsa, recebendo a entrada de mais de 30 "irmãos" afluentes de distintas regiões da Europa que o carregam não somente de água, mas de legendas e tradições.
Sem embargo isso prova que as coisas podem ser vistas mais além de si mesmas e essa capacidade de fazê-lo é um fenômeno sobrenatural. A pergunta óbvia é se Strauss teria conseguido compor a música sem haver nascido na Viena dos Habsburgos e ter se formado culturalmente nos ambientes daquela legendária metrópole filha legítima da cristandade. Viena exalava cristandade por todas as suas ruas, praças, casas e palácios. A capital austríaca era uma música constante e entre estas notas musicais se formou Strauss.
Não é possível ver o rio sem se recordar da valsa, ou ouvir a valsa sem evocar o rio e seus palácios dourados, os uniformes soberbos, as damas de saias longas, os casais ao compasso de um som que se expande como as ondas fluviais do lento e manso rio sempre avançando. Independente das aderências sentimentais e românticas que lhe foram incorporadas nos salões de baile, ou de filmes frívolos e de interpretações sensuais, a idéia da valsa lhe faz homenagem ao rio arquetípico que seria o Danúbio se a Cristandade Européia não estivesse na via de decadência como o estava nos tempos em que foi composta a música e a letra.
O que sucedeu foi que a valsa era a música mais lenta e campesina do Tirol, que se tornou elegante e mundana nos esplendorosos salões sociais de Viena, Paris e Londres. De fato o Danúbio Azul como valsa, teve seu maior êxito na capital da francesa dos tempos de Napoleão III e da espanholíssima imperatriz Eugênia de Montijo. Também eram os dias de Sisi e o do pobre Luís II de Baviera que tentou ser um príncipe de conto de fadas.
Haver se tornado mundano e distante do bom camponês tirolês, talvez não tenha sido a melhor idéia, mas o certo é que pela primeira vez a europa inteira, sem importar fronteiras nem idiomas, dançava uma música com ares transnacionais que hoje é interpretada em qualquer rincão do mundo, prova de que a força de sua cultura está dotada de universalidade cristã inclusive, como sempre foi a vocação missionária da Igreja.
Por Antonio Borda
Fonte: site dos Arautos do Evangelho - Artigo: O Danúbio Azul
Gaudium Press - 2012/01/20

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